10 de mai. de 2011

Prevalece a Tradição

Candomblé no Pará ainda é original


Érika Morhy

Assim como as religiões cristãs, os cultos afro-brasileiros também reservam inúmeras diferenças e semelhanças entre si, construindo uma história no Pará que aos poucos começa a ser contada e sistematizada. Pela primeira vez o Candomblé é posto na berlinda enquanto projeto de pesquisa e deverá se transfigurar em livro no próximo ano, com o término da pesquisa iniciada em 2000 pela cientista social Marilú Márcia Campelo.

Doutora em Antropologia, Marilú já chegou a lançar uma obra sobre a Umbanda no Rio de Janeiro. Em Belém, as referências eram Napoleão Figueiredo e Anaíza Vergolino. "Me surpreendi em saber que aqui não tinha só Mina e que o Candomblé, tipicamente baiano, ainda estava por ser estudado. Por isso também meu interesse", justifica Marilú.

A primeira etapa de trabalho já se encerrou. Ela descobriu a localização dos terreiros, os municípios e bairros em que se concentra o maior número deles, as principais lideranças e a história dos adeptos que realizam festas e rituais afro-brasileiros, selecionando o Candomblé como área de estudo, paralelamente ao trabalho de Taíssa Taverna, que optou pela Mina. A previsão é que a segunda fase fosse concluída até setembro de 2004, definindo um perfil do sincretismo entre as duas religiões, o que preservam como tradição e o que introduzem como inovação na sua estrutura.

Segundo Marilú, a Federação Espírita de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, seção Pará, registra uma média de 1.600 terreiros na Grande Belém e Castanhal. "Precisamos confirmar se todos estão em funcionamento e também temos de considerar que existe a subnotificação", pondera. Desse total, cerca de 600 casas são de Mina, em menos de 100 se pratica Candomblé e as demais são umbandistas, que têm predominância na região. Ela diz que os números são pequenos, se comparados com algumas das principais capitais do país, como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, mas ultrapassam os de São Luiz , "até porque a população de lá é menor".

O paralelo com a capital maranhense é constante e tem lá suas razões históricas, retroativas à colonização que reuniu Pará e Maranhão numa única província. A migração populacional entre os dois estados ainda hoje é grande e abre espaço para que se reivindique a paternidade da Mina no Pará aos vizinhos. "Mas temos de considerar que aqui também há presença africana, uma concentração de 220 comunidades quilombolas. É uma população que descende não só da África ocidental, mas também de povos mais antigos do centro sul", adverte Marilú. No entanto, as populações afro que se estabeleceram na zona rural, segundo ela, são católicos. A Umbanda, a Mina e o Candomblé são cultos urbanos. Foi na cidade que puderam se organizar e formar comunidades que, na época, eram as próprias irmandades religiosas, como as de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Irmandade de São Benedito e de Santa Bárbara.

A origem dos grupos que se estabeleceram na região e o modo de organização deles também determinam as especificidades de cada culto. A Mina, por exemplo, é característica do Maranhão, Pará e Amazonas e está ligada à presença dos escravos vindos da costa ocidental africana, mais propriamente aos povos de língua fon. Já o Candomblé tem na sua genealogia os povos iorubás, do país que hoje se conhece por Nigéria.

Ao contrário do que acontece no Maranhão, no Pará não há município específico onde se identifica maior número de terreiros nem de casas matrizes de iniciação, o que também ocorre em Salvador e Rio de Janeiro. "E talvez essa seja uma das grandes dificuldades dos pesquisadores da área que, aqui, vão precisar bater de porta em porta. A única referência para se obter informações mais amplas é a federação", revela Marilú. Ela acredita que a falta de uma casa de raiz e mesmo de pessoas que sejam referência na disseminação do culto na região se dá pela sua recente difusão na cidade. "É do final da década de 70, quando Astianax foi iniciado no Candomblé, na Bahia, e voltou com o culto para Belém. Isso motivou outros adeptos a irem procurar uma casa matriz em Salvador, abrindo novos terreiros aqui. Ele é a única referência, e morreu este ano. Nos outros estados, o grande momento de organização do culto se deu a partir do século XIX", conta Marilú.

As casas vão se abrindo principalmente em bairros de periferia e a Pedreira, apesar de já estar mais urbanizada, ainda mantém a tradição, seguida do Jurunas, Guamá, Benguí e Maguari, num movimento liderado principalmente por homens. Para a coordenadora do Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-brasileira, seção Pará, Mametu Nangetu, que mora no bairro do Marco e tem um terreiro no mesmo endereço, é difícil manter uma casa de Candomblé no centro da cidade, "porque temos árvores sagradas que acabam tendo de ser podadas para não incomodar a vizinhança; porque os clientes são constrangidos com os comentários jocosos dos moradores da redondeza; porque temos de limitar nossos batuques, para não criarmos desavenças na área. Sei dos direitos dessas pessoas, mas por que as igrejas continuam com som alto, outras fazem procissões nas ruas e eu não posso praticar o ritual que escolhi do jeito que deve ser?", reclama. Ela também acredita que houve avanços e a novidade deste ano foi a oficialização do Dia Municipal da Umbanda e dos Cultos Afro-brasileiros. Os adeptos escolheram o 12 de março por acreditarem ter sido a data do primeiro batuque no formato da Mina maranhense na cidade, quando Mãe Doca fez a festa à Dom José.

Marilú garante que o conflito entre adeptos de diferentes religiões é um dos motivos para a visibilidade mais acanhada de terreiros de Belém. "Você só os encontra nos movimentos organizados ou em eventos como os da consciência negra, porque eles têm o cuidado de não expor seus símbolos em função do preconceito, forte na cidade se compararmos com São Paulo, Rio e Cuiabá, por exemplo. Mas os candomblezistas ainda se apresentam mais que os mineiros". Ela define a postura dos grupos como projeto político e lembra que a notoriedade do trabalho de Pierre Vergé só foi possível pela aquiescência dos adeptos. E os símbolos migraram tanto, acrescenta, que a prática já é comum na Alemanha, Portugal, EUA, Argentina e Uruguai, levada por brasileiros e que já iniciaram filhos de santos por lá.

O número de adeptos ainda não foi mensurado. Segundo Marilú, a Fundação Palmares ainda não pode liberar os dados do censo realizado em 2001 e 2002 nas principais capitais do país, incluindo Belém. Mas é indiscutível que muitas pessoas conciliam a prática de diferentes religiões, num sincretismo que também se expressa de duas maneiras na estrutura dos próprios cultos. Como explica Marilú, um se dá entre o catolicismo e os afro-descendentes. “Dia 4 de dezembro, pa ra o Catolicismo é dia de Santa Bárbara. Para o Candomblé, do orixá Yansan. Para a Mina, de Bárbara Soaeira”. E o outro, entre os próprios cultos afro-descendentes. “Você vai encontrar terreiro de Mina falando em voduns e orixás também. E no de Candomblé, em caboclos”, exemplifica. Esta categoria de sincretismo foi a que motivou o projeto "Tradição e inovação: um estudo sobre a Mina e o Candomblé na Amazônia". Ela diz que, até agora, não encontrou especificidades basilares no Candomblé paraense, como já acontece com a Mina, por isso mesmo chamada no estado de Mina-Nagô. "Por enquanto, eles praticam como aprenderam na fonte, a forma de cultuar os santos, de se vestir, de cantar... apesar de que a pronúncia, a entonação e a velocidade diferem".

Batuques - A antropóloga Anaíza Vergolino dedicou toda sua carreira acadêmica, de quase três décadas, na UFPA, à pesquisa de religiões afro, que ela considera ser o único nível associativo cultural que resiste até hoje. Ela identificou e publicou documentações inéditas sobre os escravos do século XVIII; sistematizou atributos mais vinculados aos cultos afro na região; e registrou a musicalidade da Umbanda e Mina-Nagô encontrada na região, numa ação que resgata pesquisas da década de 50 realizadas por Mário de Andrade. 

Essa linha resultou na chegada de dois CD´s ao mercado, com o selo "A música e o Pará", patrocinados pelo Governo do Estado: "A música de culto afro-brasileiro na Amazônia" e o duplo recém-lançado "Ponto de santo". Os dois têm encarte documental, reproduzindo parte das pesquisas de Anaíza, fotos dos terreiros, partituras e a letra das toadas.

"É importante para eles o resgate dessa memória. Mas também é muito clara pra mim a distinção que eles fazem entre fundamento, que é o conteúdo doutrinário deles, repassado de forma oral, e conhecimento, que é o tipo de trabalho de pesquisa que eu faço. E, além disso, todos esses trabalhos, inclusive o do professor Vicente Salles, que se dedica mais à inserção social do negro, vêm nos mostrar que essa presença africana aqui no Pará não foi tão pequena como se pensava; foi muito maior do que a história havia contado", ensina.

Os Anais da História

CULTURA

Dia 10 de maio de todos os tempos






10/05/1963 -> João XXIII se torna o primeiro Papa a receber um prêmio de paz (o Balzan). - Foto: WEB
10/05/1994                                                Nelson Mandela se torna o primeiro presidente negro da África do Sul.

10/05/1963                                                    João XXIII se torna o primeiro Papa a recebeu um prêmio de paz  (o Balzan).

10/05/1940                                                    Com a renúncia de Neville Chamberlaine, Winston Churchill se torna o novo primeiro-ministro da Grã-Bretanha.

10/05/1940                                                            A Alemanha nazista invade Luxemburgo, Holanda e Bélgica.

10/05/1933
Tropas nazistas e seus simpatizantes se reúnem na praça central de Berlim e queimam livros de Karl Marx, Sigmund Freud, Bertolt Brecht, Albert Einstein e outros autores condenados pelo regime     nazista como sendo decadentes ou “anti-alemães”.

10/05/1881                                                                                                      Carol I, o primeiro rei da Romênia, é coroado.

10/05/1796                                                                                                            O exército de Napoleão Bonaparte derrota a Áustria na batalha de Lodi, na Itália. Mais de 2000 austríacos são mortos ou feridos.

10/05/1655                                                                                                            A Jamaica é conquistada pela Grã-Bretanha após ter sido colonizada pela Espanha durante 161 anos.
 

Vitória Homosexual

COTIDIANO

"Enfim, Justiça!"



Agradou-me sobremaneira a conclusão do caso jurídico que esvoaçou pelo STF quanto ao reconhecimento da união civil entre homossexuais:

"Em sessão histórica, o Supremo Tribunal Federal decidiu ontem, por unanimidade, que têm valor legal as uniões estáveis entre homossexuais. A maioria dos ministros votou com o relator do caso, Carlos Ayres Britto, para que os homossexuais tenham os mesmos direitos que os casais heterossexuais.

Pode haver limites a essa igualdade de direitos. O ministro Ricardo Lewandowski disse ser favorável à união homoafetiva "naquilo que não for típico da relação homem e mulher". Ele não quis entrar em detalhes porque o tema pode voltar a ser discutido no STF. Segundo ele, ficou em aberto "se cabe casamento, se cabe fertilização in vitro, se cabe adoção".

Especialistas entendem que a maioria dos direitos tidos pelos casais heterossexuais foi estendida aos homossexuais, como adotar o sobre nome do parceiro, assumir a guarda do filho do cônjuge, receber herança ou pensão, somar renda para aprovar financiamento e alugar imóveis.

O ministro Celso de Mello afirmou que o Estado deve dar às uniões homoafetivas o mesmo tratamento dado às uniões estáveis heterossexuais. "Toda pessoa tem o direito de constituir família, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero", disse.

O ministro Luiz Fux disse que a homossexualidade é um traço da personalidade, caracteriza a humanidade de determinadas pessoas. "Homossexualidade não é crime. Então, por que o homossexual não pode constituir uma família?", questionou Fux. A ministra Cármen Lúcia destacou que a Constituição Federal não tolera qualquer discriminação".

Evidente, seguiu-se o esperado protesto, da Igreja e seus acólitos:

"Pouco depois de o Supremo Tribunal Federal retomar, no início da tarde desta quinta-feira (5), o julgamento de ações sobre o reconhecimento da união entre casais do mesmo sexo, alguns bispos em São Paulo se manifestaram contra a proposta. Para os religiosos, que estão reunidos na 49ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no interior do estado, a Igreja defende a família como uma instituição formada por homem e mulher, capaz de gerar filhos.
Dom Anuar Battisti, gaúcho e arcebispo de Maringá (PR), chegou a dizer que chamar de casamento a união entre homossexuais representa uma “agressão frontal” à família. Para ele, se o projeto for aprovado no STF, as pessoas estarão “institucionalizando a destruição da família”. O encontro anual do episcopado ocorre em Aparecida, no Vale do Paraíba. A pauta principal dos religiosos neste ano é eleger a nova direção da CNBB. Eles também discutirão diretrizes da ação evangelizadora.

“O ser humano de fato se realizará na sua profundidade de sua relação na constituição da família a partir de um casal formado por homem e mulher”, afirmou dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte. Questionado sobre o que pensava sobre a adoção de crianças por pais do mesmo sexo, respondeu: “A adoção é um serviço da mais alta nobreza. Só não aceitamos fazer a equiparação com a família. Não é família. É uma comunidade de pessoas”, disse ele, ao se referir aos casais homossexuais que vivem juntos.

Para dom Edney, se a proposta for aprovada no STF, “nada vai mudar” no posicionamento da Igreja Católica. “Ela vai continuar defendendo os direitos da família e a nossa fé. Isso também é liberdade.”

O bispo auxiliar de Belo Horizonte, dom Joaquim Guimarães, afirmou que, se os ministros votarem a favor da união estável entre os casais homossexuais, a Igreja vai precisar reforçar suas posições. “Esse assunto já foi discutido em outros países. No Brasil, devemos dar o exemplo para reforçar nossa ação na criação de convicção nas pessoas. Ainda que a lei permita isso ou aquilo, a minha convicção é essa'".

E ainda acham que podem enganar o público brasileiro:

"Os bispos que estão reunidos na 49ª Assembléia Geral Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no interior de São Paulo, voltaram a comentar a decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceram a união estável entre casais do mesmo sexo. O bispo diocesano de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, criticou a posição do Supremo ao dizer que os representantes da Igreja Católica “não vão fazer nenhuma cruzada” contra a proposta, mas continuarão a defender o conceito deles de família.

"Não vamos fazer nenhuma cruzada, mas vamos procurar defender aquilo que até hoje, desde Adão e Eva, foi sempre uma característica típica da vida na nossa sociedade, que é uma instituição chamada família. E, repito, heterossexual e aberta para a procriação”, afirmou dom João, durante a coletiva de imprensa do evento, que acontece até o dia 13 em Aparecida, no Vale do Paraíba.
“Nós somos a favor da vida, somos contra qualquer discriminação. Somos contra as pessoas viverem, assim, umas contra as outras”, disse o arcebispo do Rio. “E lembramos que não basta apenas o direito positivo, achar o que é melhor pelo maior número de votos. Mas, sim, o direito natural que vem da própria natureza humana, que é o 'ser família'”, afirmou dom Orani, que pediu respeito ao posicionamento da Igreja Católica sobre o tema".

O que se aguarda é que o Legislativo acorde de seu estado letárgico e faça a emenda necessária à Constituição e o Senado se empenhe em criminalizar a homofobia:

"Ao mesmo tempo que comemoraram efusivamente o reconhecimento legal da união entre pessoas do mesmo sexo , representantes da comunidade gay avaliaram que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pode ainda acelerar a tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei Complementar 122, que criminaliza a homofobia. Para especialistas, os parlamentares precisam entender a sinalização do Judiciário e criar leis para pôr na cadeia quem ofender gays, lésbicas, transexuais e outros integrantes da comunidade.

- A decisão do STF vai ser amplamente comemorada na Marcha Nacional contra a Homofobia, que acontece no Rio daqui a duas semanas. O Congresso precisa aprovar a PLC urgentemente, o que protegeria os gays, assim como a Lei Afonso Arinos protege os negros, a Lei Maria da Penha protege as mulheres e aí por diante - disse o presidente da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, Iberaldo Luiz Beltrane, para quem os votos favoráveis dos ministros se transformaram em um "divisor de águas" para a comunidade.

- O julgamento deu dois sinais claros: tirou a pauta da discussão moral e religiosa e também mostrou que o Congresso precisa mudar sua postura em relação a diversos temas da sociedade - disse ele.

O ativista Beto de Jesus, presidente do Instituto Edson Neris, também não poupou críticas à atuação do Congresso na discussão do tema:

- Essa decisão jurídica parece que foi a unica saída contra um Legislativo conservador e preconceituoso, que parece querer criar expectativas fundamentalistas religiosas contra um Estado laico.

Para Jesus, o fato de homossexuais não terem os mesmos direitos civis que os heterossexuais "é uma vergonha". Para ele, a idéia de que família deve ser aceita apenas se criada por homens e mulheres é um equívoco:

- Quer dizer que, se o homem casa com uma mulher, perde essa mulher e passa a viver apenas com o filho, então significa que os dois não formam uma família porque são dois homens? - indagou.

Diretor da Faculdade de Direito da FGV, Oscar Vilhena atuou como advogado de um dos grupos que propuseram a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), o Conectas. Ele festejou ontem a decisão do Supremo e afirmou que os ministros garantiram um direito que "é cristalino" na Constituição.

- Todos são iguais perante a lei, e o Código Civil tratava apenas da união entre homem e mulher. Agora, isso será equiparado. Essa decisão é universal, estende-se a todos os que queiram manter uma união homoafetiva.

Vilhena disse que o STF seguiu as decisões que têm se espalhado pelo "mundo democrático, onde essa questão tem sido solucionada em diversos países". Ele negou que a medida do Judiciário se sobreponha a uma iniciativa que deveria partir do Legislativo.

- No caso das células-tronco e do desarmamento, o Judiciário tem defendido o avanço dos legisladores. Mas, nessa questão das relações homoafetivas, os legisladores não haviam avançado porque os homossexuais são um grupo minoritário, e essa não é uma causa simpática. Mas o STF não está inventando nenhum direito. Ele está fazendo valer a Constituição".

"[...]nossa lei não é literalista, mas sim interpretativa.

A lei reconhece a união entre homem e mulher, o que não significa que proíbe a união [civil] entre homem e homem ou mulher e mulher.

Aliás a lei descreve que a ninguém será negado seus direitos com base em suas opções, opiniões ou preferências. A resistência católica é apenas uma reedição da mesma resistência que aconteceu quando a lei regulamentou o divórcio e foi permitido a fertilização “in vitro”. Fizeram o mesmo escândalo, disseram que seria o fim da humanidade. Bobagem. O que a Igreja quer garantir é o seu poder e influência sobre a nossa sociedade.

Ganhou o Brasil. Apenas a Igreja quem perde, por continuar a se segurar em seus dogmas e doutrinas absurdas, anacrônicas, obsoletas e ditatoriais".

Cultura Negra e o Bicentenário

CULTURA

Cultura negra baiana integrará Bicentenário da Biblioteca Pública dos Barris



O dia 13 de maio na Bahia é marcado pelo aniversário de decisões que mudaram a história do país. Destes, dois fatos ainda possuem espaços reservados na agenda baiana e são marcados com celebrações, reflexões e discussões sobre seus desdobramentos atuais. Uma delas é a comemoração dos 200 anos da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BPEB), localizada no bairro dos Barris e dirigida pela Fundação Pedro Calmon/SecultBA. Outra é a reflexão sobre a assinatura da Lei Áurea, em 1888, o acontecimento histórico que pontua a abolição da escravidão em terras brasileiras. 
Pensando nisto, representantes da comunidade negra aproveitarão a comemoração dos 200 anos da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, agendada para esta sexta-feira (13), para refletir sobre as consequencias da Abolição da Escravatura. A idéia é pontuar um espaço de discussão sobre o dia seguinte a assinatura da Lei Aurea, os efeitos reais da libertação e outras pautas referentes a comunidade negra baiana. Além disso, personalidades como a cantora Márcia Short, a estilista Márcia Ganem, a apresentadora Rita Batista, a vereadora Olívia Santana, o cantor Lazzo Matumbi e o ator Jackson Costa prestigiarão as comemorações da criação da primeira biblioteca pública do Brasil e da América Latina. Na oportunidade, a partir das 19h, os artistas falarão sobre a importância do livro e da biblioteca em suas trajetórias pessoais, marcadas por superação e desafios. 
Show da Rumpilezz - Outro elemento da cultura negra presente na comemoração dos 200 anos da Biblioteca Pública é a apresentação da orquestra Rumpilezz, criada em 2006, pelo maestro Letieres Leite e baseada na percussão de matriz africana, com influência do jazz. Formada por cinco músicos de percussão (alabês) e 14 músicos de sopro, a orquestra de afro-jazz traz, em seu repertório, composições baseadas no universo percussivo baiano somadas às influencias no Candomblé e agremiações musicais da cultura negra, tais como o Samba do Recôncavo, o Ilê Aiyê e o Olodum. Toda programação do aniversário da Biblioteca, inclusive o show da Rumpilezz que acontecerá às 20h, será aberta ao público.
A biblioteca - A unidade que possui um acervo de 600 mil itens, dos quais 150 mil são livros, além de vídeos, imagens, obras de arte, documentos históricos, periódicos e obras raras e valiosas, apresenta uma extensa programação de debates a apresentações artísticas. A data 13 de maio de 2011 também celebra os bicentenários da Imprensa Baiana e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Veja toda programação no site: www.fpc.ba.gov.br

Texto produzido pela Assessoria de Comunicação da Fundação Pedro Calmon – Secult/BA