Quando recebi o convite para colaborar nessa coluna, me pus a pensar por onde começar. Sobre o quê falar? Afinal, o Candomblé faz parte da cultura brasileira, mas ao mesmo tempo é um mistério para muitos, o que suscita vários mitos. Muitos dizem que conhecem a religião, mas cometem equívocos sobre temas básicos. Então decidi que valeria a pena começar por delimitar sobre o que é o Candomblé dentro da concepção geral que se tem das religiões de matriz afro no Brasil. Cabe aqui diferenciar Espiritismo de Candomblé, Candomblé de Umbanda, e as várias nações existentes dentro do Candomblé (a começar sobre o que entendemos como nação).
Algumas vezes, num bate-papo informal, alguém identifica Candomblé com Espiritismo. Não, não é. Espiritismo é o mesmo que Kardecismo, conhecido também como Centro de Mesa ou ainda Mesa Branca, e o Kardecismo tem suas raízes no Cristianismo. Mas a confusão mais comum é feita entre Umbanda e Candomblé. A Umbanda nasceu no Brasil, no início do século passado, no ano de 1908, em meio a uma sessão espírita no bairro de Neves, em São Gonçalo. Ali se manifestou o caboclo das Sete Encruzilhadas que, ao ser rejeitado, impedido de permanecer na sessão, retornou na casa do seu médium no dia seguinte e fundou a nova religião. Nesse contexto, a Umbanda nasceu a partir das raízes cristãs-kardecistas dos seus membros, como uma dissidência. Contudo, o caboclo das Sete Encruzilhadas orientou que deveria existir espaço na religião para os espíritos dos velhos africanos e dos índios nativos que quisessem trabalhar em benefício dos irmãos encarnados.
Já o Candomblé do Brasil tem sua raiz nas várias formas de culto aos orixás encontradas no território africano datadas de aproximadamente 5.000 anos. Grande parte da herança cultural candomblecista tem sua matriz na região do antigo Daomé ? hoje Benin e Nigéria, cujas etnias foram generalizadas pelos dominadores como povos nagôs; e na região que atravessa o território africano de Angola a Moçambique, com a etnia banto.
Quando me refiro às várias formas de culto aos orixás, é porque quero reforçar a idéia de diversidade. Nascemos aqui a partir da diversidade cultural das senzalas. Definitivamente, o Candomblé do Brasil não pode ser entendido como igual aos cultos em território africano. Mesmo conservando a identidade básica do culto de cada nação (ou grupo étnico) ? Jêje, Efon, Ketu, Ijexá e Angola, houve sincretismo. Tanto entre as nações como entre o culto aos orixás e as informações de outras crenças existentes no território brasileiro.
Apesar das transformações que sofremos sabemos identificar o que é próprio de cada um, e temos consciência de que os de fora nos enxergam como um bloco monolítico. Enfim, a partir de hoje nosso bate-papo será sobre o que é próprio do Candomblé. E eu não poderia terminar sem saudar a todos nas várias formas que temos, de acordo com as várias nações: URÊ! MOTUMBÁ! KOLOFÉ! Ou ainda, a saudação comum a todos nós: AXÉ!
Um abraço e até a próxima.
Algumas vezes, num bate-papo informal, alguém identifica Candomblé com Espiritismo. Não, não é. Espiritismo é o mesmo que Kardecismo, conhecido também como Centro de Mesa ou ainda Mesa Branca, e o Kardecismo tem suas raízes no Cristianismo. Mas a confusão mais comum é feita entre Umbanda e Candomblé. A Umbanda nasceu no Brasil, no início do século passado, no ano de 1908, em meio a uma sessão espírita no bairro de Neves, em São Gonçalo. Ali se manifestou o caboclo das Sete Encruzilhadas que, ao ser rejeitado, impedido de permanecer na sessão, retornou na casa do seu médium no dia seguinte e fundou a nova religião. Nesse contexto, a Umbanda nasceu a partir das raízes cristãs-kardecistas dos seus membros, como uma dissidência. Contudo, o caboclo das Sete Encruzilhadas orientou que deveria existir espaço na religião para os espíritos dos velhos africanos e dos índios nativos que quisessem trabalhar em benefício dos irmãos encarnados.
Já o Candomblé do Brasil tem sua raiz nas várias formas de culto aos orixás encontradas no território africano datadas de aproximadamente 5.000 anos. Grande parte da herança cultural candomblecista tem sua matriz na região do antigo Daomé ? hoje Benin e Nigéria, cujas etnias foram generalizadas pelos dominadores como povos nagôs; e na região que atravessa o território africano de Angola a Moçambique, com a etnia banto.
Quando me refiro às várias formas de culto aos orixás, é porque quero reforçar a idéia de diversidade. Nascemos aqui a partir da diversidade cultural das senzalas. Definitivamente, o Candomblé do Brasil não pode ser entendido como igual aos cultos em território africano. Mesmo conservando a identidade básica do culto de cada nação (ou grupo étnico) ? Jêje, Efon, Ketu, Ijexá e Angola, houve sincretismo. Tanto entre as nações como entre o culto aos orixás e as informações de outras crenças existentes no território brasileiro.
Apesar das transformações que sofremos sabemos identificar o que é próprio de cada um, e temos consciência de que os de fora nos enxergam como um bloco monolítico. Enfim, a partir de hoje nosso bate-papo será sobre o que é próprio do Candomblé. E eu não poderia terminar sem saudar a todos nas várias formas que temos, de acordo com as várias nações: URÊ! MOTUMBÁ! KOLOFÉ! Ou ainda, a saudação comum a todos nós: AXÉ!
Um abraço e até a próxima.
Mônica Costa
Historiadora e candomblecista