22 de abr. de 2014

Religiões não celebram a Páscoa!

Créditos: Gabriel Tôrres/CT

Espiritismo e matrizes africanas 

Religiões veem de diferentes formas o feriado nacional no período da Páscoa
Autor: Lyza Freitas
Créditos: Gabriel Tôrres/CTCatólicos e batistas baseiam-se na BíbliaCatólicos e batistas baseiam-se na Bíblia
O período da Páscoa está incluído no calendário oficial brasileiro, sendo considerado feriado nacional pelo fato de o País ter maioria católica, que tem o costume de cultuar e enaltecer o calvário de Jesus Cristo, incluindo sua morte e ressurreição, celebrada todos os anos na Semana Santa, pela tradição. Mas outras religiões têm distintas formas de encarar a data.
Para os cristãos protestantes da Igreja Batista, a Páscoa significa a morte e a ressurreição do profeta Jesus Cristo, simbolizando a chegada da paz e libertação, que surge para tirar as pessoas do pecado, assim como na Católica. Contudo, a Igreja Batista ela traz diferenciações da visão encarada pelo cristianismo católico.
Os protestantes batistais relacionam o período da Páscoa à passagem do Êxito, descrita no Antigo Testamento da Bíblia. “Para os batistas, ela representa também o livramento dos nossos pecados, porque para que haja remissão, tem que haver morte e depois a ressurreição”, explica Ideilde Gomes, missionário da Congregação Batista Testê Mani.
O missionário diz que o entendimento também está relacionado às citações bíblicas do êxodo do povo Hebreu para o Egito, por ser considerado, na visão da religião batista, um povo escolhido por Deus para cumprir uma missão. “Para os batistas, Deus usa Moisés para libertar o povo Hebreu da escravidão no Egito, querendo fazer entender que essa libertação é sinal de vida nova para o povo, e por isso tem essa conotação de renovação do espírito."
Ideilde Gomes, missionário da Congregação Batista. Créditos: Gabriel Tôrres
Em relação aos costumes vivenciados na Semana Santa, Ideilde explica que embora a Páscoa faça parte do calendário nacional, os batistas não costumam festejá-la ao mesmo modo dos católicos. Não há no cronograma anual nenhuma atividade especial pela passagem da Páscoa, porque, apesar de representar um rito importante, ele é visto com a mesma relevância de outros.
“O nosso cronograma segue o ritmo anual normalmente, com a realização de cultos. Só que nesse período, nós costumamos apresentar, debater e refletir acerca da morte e ressurreição de Jesus, até para que os irmãos entendam e conheçam melhor sobre a sua religião. Além do que, como é feriado, é de costume muitos saírem para retiros espirituais a fim de estudar a Palavra." 
Também não há a abstenção quanto a comer carne vermelha, nem a outros alimentos, pois para a congregação, na Bíblia está claro que é preciso respeitar a vontade e o direito do outros de se alimentar como tenham vontade, sem se fazer julgamentos sobre o que as pessoas comem ou deixam de comer, de acordo com o esclarecimento de Ideilde.
Matrizes africanas
Diferente das igrejas católicas e batistas, para as religiões de matrizes africanas, como a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda, a data não é confraternizada da mesma forma. É um momento de celebração da vida, da existência do ser humano e de fazer o bem, como em todos os outros dias.
“Procuramos trocar saberes, usar os dias de feriado para ficarmos mais próximos uns dos outros", explica Maria Assunção, coordenadora do Grupo Coisa de Nêgo. "Temos os costumes de valorizar os seres humanos, festejando a vida entre nós, como uma forma de nos fortalecermos como humanos e como religião, sabendo da importância das nossas raízes, de Oxalá e da sua palavra.”
Comparando com o catolicismo, as religiões de matrizes africanas, veem Oxalá como se fosse Jesus Cristo, e Olorum como se fosse Deus todo poderoso. Enquanto católicos e cristãos celebram o período pascal, o Candomblé busca um maior contato com Olorum, munido da certeza de que no plano terrestre a missão dos humanos é fazer o bem.
Religiões de matrizes africanas não celebram Páscoa. Créditos: Gabriel Torres
O objetivo diário, segundo Maria Assunção, é refletir sobre a vida e a passagem na terra, e fazer com que todos possam compreender que precisam ser felizes. “Nos terreiros, como em outras datas, é um momento de festejar, de dizermos que somos importantes por sermos filhos de Olorum."
Continua Assunção: "é um momento de fazermos diferente na busca incessante por um mundo melhor e com mais amor, um momento de estarmos mais perto da nossa espiritualidade”. Ela explica que não há Páscoa como referência nos princípios do Candomblé, religião que anseia o Axé a todos, ou seja, deseja força, energia positiva, bons fluidos.
O Candomblé procura também estar totalmente conectada com os elementos da natureza e com o meio ambiente.
No espiritismo
A doutrina ou religião espírita também não reconhece a Páscoa em sua filosofia. Os espíritas veem a Sexta-Feira Santa como um dia qualquer, em que realizam suas atividades normalmente, como também não cultuam qualquer outro dia considerado santo no Brasil. Isso porque a rotina doutrinária considera e sempre aborda o Deus vivo, descrucificado.
Para ela, não importa o Deus morto, sofrido, mas a adoração ao Cristo vivo, desconectado da cruz. “Respeitamos as outras religiões, e entendemos que todas têm as suas tradições e costumes. Portanto, já que o calendário estabelece o feriado, nós geralmente aproveitamos a data para promover eventos", informa José Lucimar, presidente da Congregação Espírita. "Neste ano, estamos fazendo o 1º Acampamento para Jovens Espíritas", acrescenta. 
Os princípios do espiritismo têm cunho científico-filosófico-religioso, e se voltam para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através do fenômeno da mediunidade. Ela busca melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico), mas também do universo transcendental (religião), fundamentando-se na figura de Jesus Cristo.

Realização de um Sonho!

Grupo Afoxé Omô embarca nesta terça para se apresentar em festival dos Estados UnidosO New Orleans Jazz & Heritage Festival é um dos eventos de música mais importantes do país!

Publicação: 22/04/2014 09:42


Respeitados em festivais culturais locais, 15 integrantes viajam pela primeira vez para fora do país. Foto: Fundarpe/Divulgação
Respeitados em festivais culturais locais, 15 integrantes viajam pela primeira vez para fora do país. Foto: Fundarpe/Divulgação

A rotina se tornou mais intensa na sede do Afoxé Omô Nilê Ogunjá, uma representação de matriz afro-brasileira encravada no Ibura, no Recife. Os ensaios ficaram mais frequentes desde a proximidade da primeira viagem internacional do grupo, marcada para a noite desta terça, às 21h.

Até o feriadão da Semana Santa cedeu espaço para afinar o som e a dança com os quais os integrantes se fizeram vistos e respeitados na comunidade onde o grupo foi fundado, há dez anos. Quinze dos quase 40 membros fixos embarcam rumo aos Estados Unidos para participar de um dos mais significativos eventos musicais do país, o New Orleans Jazz & Heritage Festival, dentro de uma programação com lendas internacionais do calibre de Eric Clapton, Christina Aguilera, Santana e Bruce Springsteen. Serão sete dias de apresentações para mais de 400 mil pessoas - público estimado da edição de 2013.

O convite ao grupo pernambucano partiu de um representante do evento norte-americano durante o 8º Festival Lula Calixto, realizado no ano passado, em Arcoverde. O ritmo carregado de religiosidade atraiu o olhar estrangeiro. “Quando ele nos viu, disse que tínhamos elementos ligados à música de Nova Orleans”, conta o diretor-geral do Afoxé, Dario Junior. A ponte entre os estilos musicais das duas localidades é inegável.

Identidade

O Afoxé Omô nasceu, diz o dirigente, como porta-voz do candomblé cultuado nos arredores do Ibura. Era uma forma de peitar, através do emprego da arte, o racismo e o preconceito contra a expressão religiosa de origem negra. O trabalho artístico andou de mãos dadas a oficinas, palestras, debates sobre raça, identidade, gênero e a outros mecanismos de inclusão social.
Na outra ponta, a cidade de Nova Orleans é considerada berço do jazz norte-americano, gênero associado à comunidade negra. O início do festival em 1970 - hoje ele está na 45ª edição - contou com a participação de Mahalia Jackson, ícone da música gospel dos Estados Unidos e uma das vozes ouvidas no histórico discurso de Martin Luther King pela igualdade entre negros e brancos (o famoso Eu tive um sonho…).

“Ir para Nova Orleans é a consequência do nosso trabalho”, observa Dario Jr, também membro do Conselho Municipal de Promoção à Igualdade Racial do Recife. Em solo norte-americano, o grupo deve mostrar as composições recentes incluídas no álbum Odara (2014) e outras sobre o povo negro capazes de dialogar com a plateia do evento. A cantora Nalva Silva está animada com a vitrine internacional para o grupo: “É muito boa a chance de levar o trabalho para fora do país.


Principalmente no berço da cultura negra. Uniu o útil ao agradável”. Integrante do Voz Nagô e Batucafro, ligado ao percussionista Naná Vasconcelos, ela é pedagoga em duas escolas públicas e, assim como outros integrantes do Afoxé, utiliza o conhecimento profissional a favor da formação da comunidade do Ibura. Nos EUA, serão 50 minutos em cada uma das apresentações - com direito a troca de figurino - marcadas para os dias 25, 26 e 27. Grupos de Minas Gerais, da Bahia e de outros estados também representam o Brasil no festival.

 (Fundarpe/Divulgação)

Omônilê

História

O Afoxé Omô Nilê Ogunjá (filho da casa de Ogunjá) surgiu em 2004, no Ilê Axé Babá Olufã, no Ibura. O grupo se vale de ações artísticas para dar voz às bandeiras religiosas e sociais defendidas pelos integrantes.

Grupo chega a ter 120 integrantes durante o carnaval. Em 2012, abriu a festa no Recife, no Marco Zero. Em 2013, participou do Festival de Inverno de Garanhuns.

Produção

O Afoxé possui dois discos gravados: Berço dos Ancestrais (2008) e Odara (2014)

Dois documentários ajudam a contar a história do grupo: Ikimòjadé (2011), sobre o batismo pelo Afoxé Filhos de Gandhy, um dos maiores do país, e Sou eu (2012), com a trajetória da instituição e a relação da comunidade com a religiosidade de matriz africana. Ambos disponíveis na íntegra no YouTube.

Reconhecimento Religioso

Prefeitura de Socorro apoia 3º Afoxé de Odé do município 

Na tarde desta segunda-feira, 21, os adeptos do Candomblé comemoram o 3º Afoxé de Odé, como parte das festividades a Oxóssi, que no sincretismo religioso é chamado de São Jorge. O cortejo com a imagem do Santo saiu da frente do Shopping, no Marcos Freire I, e foi até a avenida principal do Marcos Freire II. Na ocasião, o diretor de Tributos, Maurício Lobo, representou o prefeito Fábio Henrique.

A idealizadora da festa, a mãe de santo, Sílvia de Oxum Abará, destacou a comemoração. “Esse é nosso terceiro ano e estamos muito felizes em realizar mais uma vez com a parceria da prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, agradeço ao Prefeito e secretarias envolvidas. Nosso Afoxé de Odé é em  celebração ao dia de Oxóssi que é comemorado dia 23. Nossa intenção é colocar esse dia no calendário de festas do município”.

Pela terceira vez no evento, a Ialorixá Mãe Vânia veio de Aracaju e destacou a importância de divulgar a religião do Candomblé. “São três anos de festa e três anos que participo. Hoje estamos muito felizes em mostrar a sociedade que também temos nossa fé e é muito importante que ela seja propagada”, declarou.

A prefeitura apoiou a festa por meio da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT); da Secretaria de Saúde, com a presença do SAU; Guarda Municipal; Secretarias de Assistência Social, Transporte, Comunicação e Governo.

Também participaram do 3º Afoxé de Odé, os secretários de Planejamento, Gledson Oliveira, e de Educação, Carlos Cunha.