30 de set. de 2011

FAZENDO A ALEGRIA DA GALERINHA

São Cosme e São Damião levam milhares de crianças 

às ruas de Corumbá


Fonte: Gregório de Matos em 27 de Setembro de 2011
Longas filas marcaram o dia dos Santos das Crianças em Corumbá
Corumbá como em todos os anos celebra o dia dos Santos São Cosme e São Damião, a data que é importante para o calendário religioso tanto Católico como no Candomblé e Umbanda. A associação de Santos e entidades sempre fizeram parte do sincretismo religioso nacional.
Porem nem todos participam da data como forma de pagamento de promessa realizada aos Santos ou simples demonstração de fé, casos como o da Sra. Joana dos Santos de 56 anos residente no Bairro Universitário. A mais de trinta anos distribui os saquinhos de doces em média de 300 a 400 e sempre conta com o apoio da família e amigos que se oferecem em colaborar onde é realizado um pequeno mutirão entre eles.
"Não estou pagando nenhuma promessa, participo desta festa a mais de trinta anos só para ver a felicidade das crianças", diz a Sra. Joana Santos
Apesar de cada ano a elaboração dos saquinhos ficar mais cara, ela nunca perde o habito que começou sem nenhum interesse religioso e que agora é uma tradição familiar .

O QUE SERÁ ? O QUE FAZER ?

Contrariando um parecer do ''Conselho Municipal de Educação, a Prefeitura do Rio conseguiu aprovar a inclusão do ensino religioso no currículo das escolas públicas cariocas.
O projeto lei, cria aulas opcionais para diferentes denominações religiosas e abre 600 vagas para professores da área. A partir de 2013, o impacto no orçamento do Município, será de R$ 15,7 milhões por ano.

Aprovado por 28 votos a cinco, o texto estabelece a adoção de aulas facultativas para os estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal. Os pais decidirão se os alunos devem assistir às aulas e poderão escolher a designação religiosa de sua preferência.

Segundo o projeto, os professores serão contratados após concursos públicos, mas deverão ser "credenciados pela autoridade religiosa competente, que exigirá deles formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida".
Em fevereiro, o Conselho Municipal de Educação - responsável  pelo acompanhamento da política educacional do município - aprovou um parecer que rejeitava a inclusão da religião nas escolas. O objetivo era reafirmar o "caráter laico da escola pública", uma vez que a adoção do ensino religioso é alvo de uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Lamento profundamente a decisão dos vereadores. Para atender aos anseios de grupos religiosos, a prefeitura ignorou a avaliação que havia sido feita por um órgão formado por educadores", criticou a professora Rita Ribes Pereira, integrante do Conselho Municipal e especialista em educação infantil.
O projeto foi enviado à Câmara pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que se baseou na Constituição para propor a alteração no currículo escolar. Segundo o artigo 210, a religião deve ser uma das disciplinas do Ensino Fundamental.

Foto: Divulgação
Baiana foi trabalhar na casa do ídolo
Laura Fernandes | Redação CORREIO
laura.fernandes@redebahia.com.br
Um canto forte e intuitivo. É assim que o trabalho da baiana Gloria Bomfim, 52 anos, é conhecido. Radicada no Rio de Janeiro há 38 anos, a cantora lançou nacionalmente seu primeiro disco, Anel de Aço, pelo selo Quitanda, de Maria Bethânia, e distribuído pela Biscoito Fino. O trabalho foi apresentado anteontem aos cariocas,  em show no Teatro Rival Petrobras.

O álbum, lançado pela primeira vez em 2007 (Acari Records) com o nome Santo e Orixá, reúne 12 músicas inéditas de Paulo César Pinheiro, compositor carioca que já teve seu trabalho gravado por nomes como Baden Powell (1937-2000), Edu Lobo, Elis Regina (1945-1982), Clara Nunes (1942-1983) e Tom Jobim (1927-1994).
O tema das canções gira em torno do  candomblé, com seus rituais e simbologias, um universo bem conhecido por  Gloria, que é adepta da religião. O que foi dito até aqui, no entanto, é só uma pequena parte da surpreendente história de como a vida da cantora, também empregada doméstica, foi transformada a partir do contato com o trabalho de Paulo César Pinheiro.
Viagem  
Nascida em Areal, no interior baiano, Gloria foi criada na cidade de Barra do Pojuca, no Litoral Norte. Seu pai, um comerciante, ia muito a Feira de Santana para comprar mercadorias e, na estrada, seu companheiro fiel era o rádio. Foi em uma dessas madrugadas que conheceu a música Viagem, de Pinheiro e João de Aquino.

“Quando  escutei essa música, me apaixonei. Foi ela que me despertou para cantar”, conta Gloria, relembrando que tinha 11 anos quando o pai lhe  mostrou a canção que mudaria sua vida. A partir de então, o canto esteve presente em vários momentos de sua infância, a exemplo dos rituais de candomblé, onde soltava a voz.
Ao completar 14 anos, a vida de Gloria tomou um rumo diferente. Ela foi para o Rio trabalhar  como empregada doméstica. O canto, no entanto, continuou firme e uniu-se à nova paixão: cozinhar. “O meu normal é cozinhar cantando”, revela a baiana, que na cidade carioca frequentou rodas de samba e cantou durante cinco anos na Portela.
Em um desses dias de trabalho, enquanto fazia as duas coisas que mais gostava, aconteceu uma das maiores revelações de sua vida. Gloria estava na cozinha “resmungando” Viagem, como define, quando a dona da casa passou e disse: “Puxando saco do patrão, né?”. Ligeiramente confusa, a baiana tentou entender o que estava acontecendo. Como não teve sucesso, foi buscar uma explicação.
Lágrimas 
Então, o inusitado ocorreu. Sua patroa, Luciana Rabello, vendo Gloria muito preocupada, explicou que a música que ela estava cantando era uma composição do seu marido: Paulo César Pinheiro.  Ao perceber que trabalhava há quatro anos na casa do autor da canção que  marcou sua infância, não pôde conter a emoção e encheu os olhos de lágrimas.

A partir de então, Gloria e Luciana, com quem trabalha há 22 anos, tornaram-se amigas e o primeiro passo para a carreira artística estava dado. Conhecedora do potencial vocal da baiana - que apareceu em sua casa pela primeira vez como manicure substituta -,  Luciana teve a ideia de produzir um álbum com sua gravadora, a Acari Records.
Conversando com o marido sobre o seu desejo, descobriu que ele já tinha o repertório pronto. Pinheiro conta que pretendia gravar um disco no qual seria o intérprete. “Eu abri mão pela força da voz dela”, revela o carioca. “Senti que as músicas seriam mais bem representadas na voz de Gloria do que na minha”, acrescenta. “Ela é uma pessoa de talento impressionante e raro. Completamente intuitivo”, Luciana faz coro.
Encanteria em uma das visitas à casa dos amigos, a cantora Maria Bethânia que conheceu o álbum, ainda com o nome Santo e  Orixá, e ficou encantada. “O disco de Gloria Bomfim me trouxe alegrias grandes. Desde que soube que o Paulinho Pinheiro havia escrito canções com suas histórias de caboclo, santo e orixá, entendi que se tratava de alguma coisa forte e sedutora”, conta Bethânia.
Além de relançar o álbum pelo selo Quitanda, a santo-amarense regravou Encanteria e fez “um disco inteiro inspirado nessa canção belíssima, que na voz de Gloria, no seu suingue, ganha muito”, explica Bethânia, referindo-se à faixa que deu nome ao seu disco, lançado em 2009.

O jeito de interpretar as canções e o fato de compreender o que está sendo dito são apontados por Gloria como pontos positivos que resultam da união entre sua religião  e as letras que compõem Anel de Aço.
A música foi uma das formas encontradas por Gloria para dar seguimento ao culto aos orixás. Atualmente “uma das vozes mais representativas do canto afro brasileiro”, de acordo com Pinheiro, a baiana, no entanto, não se considera uma mãe de santo e sim uma zeladora. “Nós, seres humanos, não temos condições de ser mãe de santo, é uma coisa muito pura”, defende Gloria.
Em relação ao seu trabalho, Bethânia faz questão de acrescentar que está orgulhosa. “Espero que as pessoas se emocionem com a voz, a qualidade musical, a alegria e o prazer nítido com que todos participaram. A Quitanda está em festa”, comemora.
É com um trecho de Ogum- Menino, segunda música de Anel de Aço, que tomamos a liberdade de fazer referência à história de Gloria e de encerrar esta matéria: “Ogum riscou seu destino/ Não vai ser qualquer.