25 de mai. de 2011

A MORTE DE UM BRASILEIRO

A Bahia de Todos os Santos, foi casa e cenário, à um dos nomes mais conceituados do mundo artístico plásticos. 

O programa De Lá Pra Cá apresentado por Ancelmo Gois e Vera Barroso, exibido pela TV Brasil, todo domingo às 18h e reapresentado às sextas-feiras, às 20h30 será sobre Carybé, Hercor Julio Párie Bernabó, o artista que nasceu na Argentina, se naturalizou brasileiro e que amava a Bahia, o lugar que escolheu para viver.

Ao longo de sua a carreira, fez mais de cinco mil trabalhos, entre pinturas, desenhos, esculturas, cerâmicas e painéis; tudo com um traço marcante e com as cores que só existem sob a luz dos trópicos. Sua obra pode ser vista em vários pontos da cidade de Salvador, como praças, avenidas, teatros e nos acervos dos museus mais importantes da Bahia. Carybé também ilustrou livros de Jorge Amado, Mario de Andrade, Vinícius de Moraes e até uma edição de "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez. Filho de Oxossi, tornou-se também Obá de Xangó, o mais importante posto honorífico do candomblé, a religião a qual Carybé se converteu por paixão e devoção. Morreu do coração, durante um ritual no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, que frequentava com assiduidade. Mais baiano, impossível!

Neste de lá para cá, a história de Carybé, o pintor da Bahia. Participam deste programa a amiga e diretora do Museu de Arte da Bahia Sylvia Athayde, a curadora da exposição na Chácara do Céu Anna Paola Batista, o cartunista Lan e o curador do Museu Afro Brasil Emanoel Araújo.

Veja trechos do programa

Para mais informações sobre o programa, acesse:

http://tvbrasil.org.br/delapraca/

A Moda ''In Line'' em Paraty

Paraty
O município de Paraty terá seu primeiro evento de moda da cidade, que será realizado nos dias 5, 6 e 7 de agosto. O "Paraty Eco Fashion" tem como idéia central mapear iniciativas que valorizem o patrimônio cultural, material e ao mesmo tempo estimulem propostas inovadoras para a cadeia produtiva com sustentabilidade para as comunidades tradicionais.
Pensando em aproximar as mãos que plantam, colhem, fiam, tecem, bordam, costuram, tingem com as mãos dos que desenham, criam, confeccionam e vendem o Instituto Colibri criou um grande encontro entre as comunidades tradicionais, estilistas, designers e estudantes que tenham em mente um novo olhar para o mundo da moda.
Equipes de faculdades, cursos de moda e ateliês de diversas cidades de Santa Catarina, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo estarão em Paraty para mostrar que é possível pensar a moda de maneira sustentável.
Quatro equipes, entre as 21 inscritas e selecionadas, se propuseram a interagir com comunidades tradicionais de Paraty: três com comunidades caiçaras e uma com a comunidade quilombola. Há uma especialmente voltada para a cultura indígena e que desenvolve trabalhos com os Guaranis e Kalapalos de São Paulo, e irá interagir com a comunidade indígena Guarani de Paraty. Há ainda trabalhos com as rendeiras de Santa Catarina, o artesanato do Cerrado, a renda e tecidos dos terreiros de Candomblé.
Além disso, profissionais renomados do mundo da moda, que também comungam da idéia da moda socialmente e ecologicamente corretas, estarão presentes para analisar os trabalhos e compartilhar suas experiências. Entre eles estão os estilistas Lena Santana e Caio Von Vogt, criador do primeiro tecido 100% ecológico e orgânico do mundo, o Eco Vogt.
O Paraty Eco Fashion contará ainda com importantes parceiros, entre eles o Instituto E e o Instituto Zuzu Angel que acompanhará de perto o desenvolvimento do trabalho realizado pela Equipe Trama Feminina na comunidade do Quilombo do Campinho.
Paraty será a passarela acima de tudo para uma grande vivência cultural que promete gerar como fruto a visibilidade e a criação de referências para novas experiências mundo afora.


Colaboração: Jornal Diário do Vale - diariodovale.uol.com.br 

BRASIL Perde Novamente

   Morre Abdias do Nascimento, o 

         "único negro brasileiro"

Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil
Abdias do Nascimento, pioneiro do movimento negro, é homenageado pelo presidente Lula
Abdias do Nascimento, pioneiro do movimento negro, é homenageado pelo presidente Lula
Claudio Leal
O único negro brasileiro, pois não. Abdias Nascimento surgia nas crônicas hiperbólicas de Nelson Rodrigues como um militante irredutível, capaz de esfregar "a cor na cara de todo o mundo", numa solitária consciência racial. "Não conte com o Brasil, não conte com o brasileiro", desaconselhou Nelson, ao vê-lo colher apoio para um movimento contra o apartheid na África do Sul, em 1968. "Somos não sei quantos milhões!", reagiu Abdias. Naquele tom de espírito de porco, mas comprometido com o incipiente movimento negro, o dramaturgo enunciou o óbvio ululante: "Abdias, só há um negro, que é você mesmo. Não milhões, você, Abdias, só você".
Abdias morreu nesta terça-feira (24/05), aos 97 anos, no Rio de Janeiro, sem jamais ter deixado de denunciar as perversões sociais da escravidão: "Há preconceito racial no Brasil", repetia até nas mais discretas oportunidades. Fundador do Teatro Experimental do Negro (TEN), em 1944, ele ajudou a constranger o racismo nos palcos brasileiros, tirando a temática negra das coxias, acompanhado por artistas como Ruth de Souza, Santa Rosa e Milton Gonçalves. O TEN encenou Eugene O'Neill (Todos os Filhos de Deus Têm Asas), Lúcio Cardoso (O Filho Pródigo) e Joaquim Ribeiro (Aruanda), além de editar o jornalQuilombo, o braço editorial que aprofundava o debate teórico sobre o negro brasileiro, com colaborações de etnólogos do nível de Guerreiro Ramos, Arthur Ramos e Édison Carneiro.
Era um extraordinário provocador. O Concurso de Artes Plásticas, com o tema do "Cristo Negro", atraiu as promessas de inferno da Igreja Católica. Nelson Rodrigues inspirou-se no amigo para escrever a peça "Anjo Negro", mas frustrou-se seu velho desejo, não conseguiu levá-lo a interpretar um dos protagonistas. A fixação do escritor vingou em "Perdoa-me por me traíres", na qual Abdias interpreta o deputado Jubileu de Almeida. Este nome pomposo veio de uma brincadeira onomástica do psicanalista Hélio Pellegrino; para o "Homero do Subúrbio", "jubileu" estava mais para o nome de um deputado. Se quer saber, o jubiloso parlamentar só eriçava a sua juba quando uma mulher o chamava de "reserva moral da Nação!".
Abdias não dispensou atropelos em outras personalidades essenciais para a valorização das contribuições do negro à cultura brasileira; talvez por vaidades arranhadas ou radicalismos infundados. Às vésperas da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), realizada em 2006 na capital baiana, fui pautado pela brilhante repórter Cleidiana Ramos, editora do blog "Mundo Afro" do jornal A Tarde, para ouvi-lo sobre a homenagem que seria prestada a sua militância pioneira no Brasil.
Perto do fim da conversa, naquela altura em que entrevistado e entrevistador parecem exaustos do confessionário, saiu-me, por algum diabo, o nome de Pierre Verger (1902-1996), o fotógrafo e etnólogo francês radicado em Salvador, autor do clássico estudo "Fluxo e Refluxo do tráfico de escravos entre o golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos". Verger, Jorge Amado, Carybé e Dorival Caymmi integram o conselho de deuses da Roma Negra. "Era um canalha!", revidou Abdias, do outro lado da linha, como um personagem rodrigueano vocacional. "Era um canalha. Eu via como os negros se curvavam diante de Verger. Se os negros brasileiros tivessem vergonha na cara, escarravam na cara dele!", completou, à beira de cumprir a sugestão, num imaginário torneio de cuspe à distância.
O "único negro" exerceu por duas vezes o mandato de senador, sob a liderança política de Leonel Brizola, no PDT. Por sobreviver ao século 20, Abdias alcançou conquistas impensáveis na década de 40, ainda que nunca tenha admitido a existência da tão surrada democracia racial. Mas poderia comemorar as cotas para negros nas universidades, um teatro menos eurocêntrico, o triunfo de jogadores como Pelé e Didi, a criminalização do racismo, a liberdade de culto do Candomblé, a liderança de Nelson Mandela na África do Sul e a recente vitória de Barack Obama nos Estados Unidos.
"Acompanhei a luta dele (Obama), sofri com o que ele deve ter sofrido nessa campanha. Não foi uma coisa fácil. E o desassombro de ver um negro liderar no mundo. No Brasil, que tem essa fama toda de democrático, me lembro como fui esmagado quando fui senador", remoeu Abdias, em entrevista a Terra Magazine. Em março de 2011, numa cadeira de rodas e com sua bata africana, ele compareceu ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ansioso pelo primeiro discurso de Obama aos brasileiros. A ansiedade de quem ia à pré-estreia de uma peça sempre adiada pelo Teatro Experimental do Negro - e pelo Brasil.

Colaboração: Terra Magazine

Candomblé na Literatura

"Literatura do Sul da Bahia em destaque na Biblioteca Pública do Estado"


Publicado em 24/05/2011 pelo Repórter Carlos Souza, Salvador - BA
Cyro de Mattos participa do projeto Encontro com o Escritor e Ruy Póvoas do Seminário Novas Letras.

Esta semana, os soteropolitanos poderão conhecer um pouco mais da literatura produzida no Sul da Bahia, mais precisamente da cidade de Itabuna, através da participação de dois escritores, que virão a Salvador para participar de atividades promovidas pela Fundação Pedro Calmon/ SecultBA, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Barris). A região onde nasceu Jorge Amado, nome mais popular da literatura baiana, será representada pelos escritores Cyro de Mattos e Ruy Póvoas.
Na quinta-feira, dia 26, às 15h, Cyro de Mattos é o convidado para o projeto Encontro com o Escritor, quando na oportunidade falará sobre seu trajeto literário, seu processo de criação no conto, crônica, poesia, livros infanto-juvenis e organização de antologias. Outros aspectos da prática literária não ficarão de fora do bate-papo, como as dificuldades que enfrentam os escritores da Bahia. 

Já na sexta-feira, dia 27, às 14h, a obra de Ruy Póvoas será analisada por especialistas no Seminário Novas Letras, que terá como tema A religião do candomblé: percurso da resistência no Sul da Bahia. O evento trará para foco principal histórias relacionadas ao escritor e babalorixá, Ruy Povoas, símbolo da resistência do candomblé no Sul da Bahia, através da autoria de instrumentos críticos teóricos e metodológicos sobre o tema. O próprio sacerdote abrirá o evento falando sobre sua publicação O feminino e a resistência no candomblé. Também são conferencistas do seminário as professoras Valéria Amim, Maria Luiza Nora, e Margarida Cordeiro Fahel.

Escritores - Cyro de Mattos nasceu em Itabuna, cidade da região cacaueira da Bahia, em 1939. Advogado aposentado e jornalista com passagem na imprensa do Rio de Janeiro. Poeta, contista, cronista, autor de livros infanto-juvenis e organizador de antologia. Já publicou 38 livros, entre eles, “Os Brabos”, contos, que lhe deu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, e “O Menino Camelô”, poesia infantil, Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes. Com o livro “Cancioneiro do Cacau” conquistou o Prêmio Nacional de Poesia da União Brasileira de Escritores, e o Segundo Prêmio Internacional de Poesia em Gênova, Itália. Finalista do Prêmio Jabuti três vezes, está presente em 48 antologias, no Brasil e exterior. Participou como convidado Feira do Livro de Frankfurt, em 2010. Pertence à Academia de Letras da Bahia e atualmente é o diretor-presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania. 

Ruy Póvoas nasceu em Ilhéus, em 1943. Além de poeta, é Mestre em Letras Vernáculas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integra a Academia de Letras de Ilhéus. É autor de Vocabulário da Paixão (1985), A Linguagem do Candomblé (1996), A fala do santo, VersoReverso, Da porteira para fora, A memória do feminino no candomblé, Itan dos mais-velhos. Atualmente, é coordenador do Kàwé - Núcleo de Estudos Afro-Baiano Regionais da UESC e editor da revista Kàwé. 

SERVIÇO:

O quê: Encontro com o Escritor com Cyro de Mattos / Seminário Novas Letras com Ruy Póvoas
Quando: Dia 26 de maio (quinta-feira), às 15h e 27 (sexta-feira), às 14h. 
Onde: Na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Barris) – Salvador 
Entrada: Gratuita 
Informações:             71 3117-6084      


---------------------------------------------------
Assessoria de Comunicação
Fundação Pedro Calmon – SecultBA
(71) 3116-6918/ 6919/ 6676
ascom.fpc@fpc.ba.gov.br
http://www.fpc.ba.gov.br
http://twitter.com/fpedrocalmon
www.cultura.ba.gov.br
http://plugcultura.wordpress.com

A GRANDE CONSAGRAÇÃO

Casamento no Candomblé acontece pela primeira vez em Campo Grande
     Quarta, 25 de Maio de 2011 
Pela primeira vez em Campo Grande é realizado um enlace matrimonial de acordo com os preceitos da religião de matriz africana, o Candomblé. A cerimônia foi realizada no último dia 14 de maio, no templo religioso denominado Ilè Dará Agan Oyá Asé Elegbara Omodé, dirigido pelos sacerdotes Mãe Zilá de Oyá e Pai Lucas de Odé e foi ministrada pelo Babalorixá Carlito de Oxumarè, do Ilè Olá Omi Asé Opò Araká, do Estado de São Paulo.

Após 25 anos de união, o jornalista Luiz Junot e a psicopedagoga Zilá Dutra, ambos devotos ao Candomblé, fizeram os votos matrimoniais.
O ritual precedeu as tradicionais comemorações anuais em reverência a Oyá e Odé, os deuses africanos das tempestades e da caça, da fartura e prosperidade, respectivamente. Em meio ao público presente estiveram diversos membros da sociedade e da comunidade candomblessista de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso.

O presidente da Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams), sacerdote de Umbanda Irbs, também esteve presente no evento e destacou a importância da cerimônia. “Foi uma cerimônia belíssima e de extrema importância para as religiões de matriz africana, de modo a disseminar nossa cultura para toda a sociedade”, destacou.

Para o Babalorixá Carlito de Oxumarè, que presidiu o ritual, o acontecimento rompeu as fronteiras geográficas do Candomblé. “Além de mostrar que o Candomblé, ao contrário do que se pensa, encontra-se muito bem instalado fora do eixo Bahia - São Paulo - Rio de Janeiro, conseguimos mostrar a toda a sociedade que o povo de santo tem uma cultura abrangente e completa, somos sacerdotes tanto quanto os de qualquer outra religião, temos em nossa cultura rituais para casamentos, batizados, rituais fúnebres, entre tantos outros”, ressaltou.

O Candomblé na Imprensa - Em abril de 2008 o casamento do jornalista da Rede Tv! Felipeh Campos, 34, e do produtor de moda Rafael Scapucim, 26, ganhou as manchetes dos veículos de comunicação de todo o Brasil. Naquela ocasião a cerimônia foi realizada pelo Babalorixá Cido de Oxum, e teve grande repercussão na imprensa nacional, quebrando os paradigmas sociais por unir um casal homosexual nos preceitos da religião de matriz africana, o Candomblé.

No decorrer da cerimônia o Babalorixá Cido disse: "A partir de hoje a história será outra, quando as pessoas abrirem as páginas dos jornais e verem que dois iguais se casaram, elas vão entender, e vai haver mais respeito".

Colaboração: Jornal A Crítica de Campo Grande (MS)