Terreiro não era reconhecido
Representantes das religiões de matriz africana do estado se reuniram, ontem, para esclarecer que o ritual macabro que resultou na morte da professora Maria Iracy Tavares de Moraes, 51 anos, não tem nenhuma relação com as práticas do candomblé. Eles devem entregar, hoje, um documento ao Ministério Público repudiando o crime e a postura dos gestores públicos por entenderem que houve intolerância e preconceito religioso ao abordarem o assunto confundindo as crenças. Para eles, o ritual está relacionado ao satanismo, que vem a ser o oposto do cristianismo. Um curso para 50 delegados da capital e da Região Metropolitana também será oferecido pelas entidades, no dia 21 de março, para aprofundar as questões da diversidade religiosa e cultural do país.
De acordo com a representante do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial Mãe Elza de Iemanjá, não existem no candomblé rituais que envolvam a oferenda de seres humanos, como supostamente teria sido o caso da professora. ´Pelo contrário: o nosso culto é de amor às criaturas e respeito à vida. Não vamos mais tolerar sermos associados a práticas que não conhecemos. Basta de discriminação. É uma ousadia adentrar minha religião e dizer o que quer`, colocou. Mãe Elza informou que os representantes dos mais de 1,7 mil terreiros catalogados na RMR vão denunciar ao MPPE a casa onde a prática aconteceu e pedir o seu fechamento, já que o lugar não é reconhecido como terreiro e não atende aos rituais do candomblé.
Para o babakekere do Ile Axé Egbeawo Tarcísio Torres, houve três erros básicos ao associar o crime a uma prática religiosa de matriz africana. O primeiro foi a utilização do termo ´magia negra` como se estivesse relacionado ao candomblé, quando está ligado ao satanismo. O segundo, que foi cometido pelos próprios suspeitos, foi autodenominarem-se de pai e mãe de santo. O último foi a alusão às tatuagens de Paulo Vítor, como se tivessem relação com os signos do candomblé. ´Para nós, essas pessoas são, no mínimo, desinformadas por usarem termos de uma cultura para justificar seus atos, e, infelizes por não saberem que estão prejudicando todo um povo que pode ser discriminado`, disse Torres.
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