30 de set. de 2011

FAZENDO A ALEGRIA DA GALERINHA

São Cosme e São Damião levam milhares de crianças 

às ruas de Corumbá


Fonte: Gregório de Matos em 27 de Setembro de 2011
Longas filas marcaram o dia dos Santos das Crianças em Corumbá
Corumbá como em todos os anos celebra o dia dos Santos São Cosme e São Damião, a data que é importante para o calendário religioso tanto Católico como no Candomblé e Umbanda. A associação de Santos e entidades sempre fizeram parte do sincretismo religioso nacional.
Porem nem todos participam da data como forma de pagamento de promessa realizada aos Santos ou simples demonstração de fé, casos como o da Sra. Joana dos Santos de 56 anos residente no Bairro Universitário. A mais de trinta anos distribui os saquinhos de doces em média de 300 a 400 e sempre conta com o apoio da família e amigos que se oferecem em colaborar onde é realizado um pequeno mutirão entre eles.
"Não estou pagando nenhuma promessa, participo desta festa a mais de trinta anos só para ver a felicidade das crianças", diz a Sra. Joana Santos
Apesar de cada ano a elaboração dos saquinhos ficar mais cara, ela nunca perde o habito que começou sem nenhum interesse religioso e que agora é uma tradição familiar .

O QUE SERÁ ? O QUE FAZER ?

Contrariando um parecer do ''Conselho Municipal de Educação, a Prefeitura do Rio conseguiu aprovar a inclusão do ensino religioso no currículo das escolas públicas cariocas.
O projeto lei, cria aulas opcionais para diferentes denominações religiosas e abre 600 vagas para professores da área. A partir de 2013, o impacto no orçamento do Município, será de R$ 15,7 milhões por ano.

Aprovado por 28 votos a cinco, o texto estabelece a adoção de aulas facultativas para os estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal. Os pais decidirão se os alunos devem assistir às aulas e poderão escolher a designação religiosa de sua preferência.

Segundo o projeto, os professores serão contratados após concursos públicos, mas deverão ser "credenciados pela autoridade religiosa competente, que exigirá deles formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida".
Em fevereiro, o Conselho Municipal de Educação - responsável  pelo acompanhamento da política educacional do município - aprovou um parecer que rejeitava a inclusão da religião nas escolas. O objetivo era reafirmar o "caráter laico da escola pública", uma vez que a adoção do ensino religioso é alvo de uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Lamento profundamente a decisão dos vereadores. Para atender aos anseios de grupos religiosos, a prefeitura ignorou a avaliação que havia sido feita por um órgão formado por educadores", criticou a professora Rita Ribes Pereira, integrante do Conselho Municipal e especialista em educação infantil.
O projeto foi enviado à Câmara pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que se baseou na Constituição para propor a alteração no currículo escolar. Segundo o artigo 210, a religião deve ser uma das disciplinas do Ensino Fundamental.

Foto: Divulgação
Baiana foi trabalhar na casa do ídolo
Laura Fernandes | Redação CORREIO
laura.fernandes@redebahia.com.br
Um canto forte e intuitivo. É assim que o trabalho da baiana Gloria Bomfim, 52 anos, é conhecido. Radicada no Rio de Janeiro há 38 anos, a cantora lançou nacionalmente seu primeiro disco, Anel de Aço, pelo selo Quitanda, de Maria Bethânia, e distribuído pela Biscoito Fino. O trabalho foi apresentado anteontem aos cariocas,  em show no Teatro Rival Petrobras.

O álbum, lançado pela primeira vez em 2007 (Acari Records) com o nome Santo e Orixá, reúne 12 músicas inéditas de Paulo César Pinheiro, compositor carioca que já teve seu trabalho gravado por nomes como Baden Powell (1937-2000), Edu Lobo, Elis Regina (1945-1982), Clara Nunes (1942-1983) e Tom Jobim (1927-1994).
O tema das canções gira em torno do  candomblé, com seus rituais e simbologias, um universo bem conhecido por  Gloria, que é adepta da religião. O que foi dito até aqui, no entanto, é só uma pequena parte da surpreendente história de como a vida da cantora, também empregada doméstica, foi transformada a partir do contato com o trabalho de Paulo César Pinheiro.
Viagem  
Nascida em Areal, no interior baiano, Gloria foi criada na cidade de Barra do Pojuca, no Litoral Norte. Seu pai, um comerciante, ia muito a Feira de Santana para comprar mercadorias e, na estrada, seu companheiro fiel era o rádio. Foi em uma dessas madrugadas que conheceu a música Viagem, de Pinheiro e João de Aquino.

“Quando  escutei essa música, me apaixonei. Foi ela que me despertou para cantar”, conta Gloria, relembrando que tinha 11 anos quando o pai lhe  mostrou a canção que mudaria sua vida. A partir de então, o canto esteve presente em vários momentos de sua infância, a exemplo dos rituais de candomblé, onde soltava a voz.
Ao completar 14 anos, a vida de Gloria tomou um rumo diferente. Ela foi para o Rio trabalhar  como empregada doméstica. O canto, no entanto, continuou firme e uniu-se à nova paixão: cozinhar. “O meu normal é cozinhar cantando”, revela a baiana, que na cidade carioca frequentou rodas de samba e cantou durante cinco anos na Portela.
Em um desses dias de trabalho, enquanto fazia as duas coisas que mais gostava, aconteceu uma das maiores revelações de sua vida. Gloria estava na cozinha “resmungando” Viagem, como define, quando a dona da casa passou e disse: “Puxando saco do patrão, né?”. Ligeiramente confusa, a baiana tentou entender o que estava acontecendo. Como não teve sucesso, foi buscar uma explicação.
Lágrimas 
Então, o inusitado ocorreu. Sua patroa, Luciana Rabello, vendo Gloria muito preocupada, explicou que a música que ela estava cantando era uma composição do seu marido: Paulo César Pinheiro.  Ao perceber que trabalhava há quatro anos na casa do autor da canção que  marcou sua infância, não pôde conter a emoção e encheu os olhos de lágrimas.

A partir de então, Gloria e Luciana, com quem trabalha há 22 anos, tornaram-se amigas e o primeiro passo para a carreira artística estava dado. Conhecedora do potencial vocal da baiana - que apareceu em sua casa pela primeira vez como manicure substituta -,  Luciana teve a ideia de produzir um álbum com sua gravadora, a Acari Records.
Conversando com o marido sobre o seu desejo, descobriu que ele já tinha o repertório pronto. Pinheiro conta que pretendia gravar um disco no qual seria o intérprete. “Eu abri mão pela força da voz dela”, revela o carioca. “Senti que as músicas seriam mais bem representadas na voz de Gloria do que na minha”, acrescenta. “Ela é uma pessoa de talento impressionante e raro. Completamente intuitivo”, Luciana faz coro.
Encanteria em uma das visitas à casa dos amigos, a cantora Maria Bethânia que conheceu o álbum, ainda com o nome Santo e  Orixá, e ficou encantada. “O disco de Gloria Bomfim me trouxe alegrias grandes. Desde que soube que o Paulinho Pinheiro havia escrito canções com suas histórias de caboclo, santo e orixá, entendi que se tratava de alguma coisa forte e sedutora”, conta Bethânia.
Além de relançar o álbum pelo selo Quitanda, a santo-amarense regravou Encanteria e fez “um disco inteiro inspirado nessa canção belíssima, que na voz de Gloria, no seu suingue, ganha muito”, explica Bethânia, referindo-se à faixa que deu nome ao seu disco, lançado em 2009.

O jeito de interpretar as canções e o fato de compreender o que está sendo dito são apontados por Gloria como pontos positivos que resultam da união entre sua religião  e as letras que compõem Anel de Aço.
A música foi uma das formas encontradas por Gloria para dar seguimento ao culto aos orixás. Atualmente “uma das vozes mais representativas do canto afro brasileiro”, de acordo com Pinheiro, a baiana, no entanto, não se considera uma mãe de santo e sim uma zeladora. “Nós, seres humanos, não temos condições de ser mãe de santo, é uma coisa muito pura”, defende Gloria.
Em relação ao seu trabalho, Bethânia faz questão de acrescentar que está orgulhosa. “Espero que as pessoas se emocionem com a voz, a qualidade musical, a alegria e o prazer nítido com que todos participaram. A Quitanda está em festa”, comemora.
É com um trecho de Ogum- Menino, segunda música de Anel de Aço, que tomamos a liberdade de fazer referência à história de Gloria e de encerrar esta matéria: “Ogum riscou seu destino/ Não vai ser qualquer.

26 de set. de 2011

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CÍNTIA OMIDEWÁ (presidente)

21 de set. de 2011

''ERROS'' ? ATÉ NAS MELHORES FAMÍLIAS

Propaganda dos 150 anos da Caixa Econômica Federal trazia equivocadamente Machado de Assis   ''branco''

Caixa faz comercial com Machado de Assis   ''branco''


Veja o Comercial




Campanha equivocada da Caixa foi removido do ar, mas pode ser visto na internet. A propaganda trazia Machado de Assis como um cliente do Banco Caixa, mas o ator que representava Machado era branco.

Em nota, a Caixa informou que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.

Leia nota na íntegra

A Caixa Econômica Federal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.

A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) do Governo Federal.
A CAIXA nasceu com a missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.

Jorge Hereda

Presidente da Caixa Econômica Federal

SEMPRE NA ''LUTA''

Seminário do Conegro defende a igualdade racial

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                GRUPO ALE AXÉ AZAGUNÃ SE APRESENTA NO SEMINÁRIO
Prefeitura Municipal de Itapecerica da Serra | Atualizado em: 21/09/2011 18:07:00


A Câmara de Vereadores de Itapecerica da Serra ficou lotada durante o 2º Seminário do Conselho Municipal do Negro, realizado na última sexta-feira, 16 de setembro. Autoridades, público em geral e alunos da Escola Estadual Antônio Florentino, do Jardim Jacira, prestigiaram o evento, que teve apresentações e palestras com o tema: “Itapecerica na Luta Pela Igualdade”.

Após a exibição de um vídeo da Unicef sobre igualdade, com o ator Lázaro Ramos, 
a abertura do seminário ficou a cargo do grupo Ale Axé Azagunã. Mãe Alessandra e demais integrantes fizeram uma apresentação sobre a cultura do candomblé, tema tratado logo em seguida por Ogum Cássio.

A mesa de trabalho foi composta pelo presidente do Conegro, Paulo Sérgio Barboza (PC); vereador Clóvis Pinto; Kátia Trindade, coordenadora de Políticas Públicas para Igualdade Racial; Dr. Anderson Borba, do Conegro de Taboão da Serra; e Gilberto Rodrigues, um dos precursores do movimento negro organizado em Itapecerica.
A apresentação do mestre Oriquerê, com seu boneco Juvenal, deu prosseguimento ao seminário. O show de ventriloquismo arrancou gargalhadas dos presentes num momento de muita interatividade.
O grupo de capoeira Tupinambá, com o mestre Canibal, mostrou todo seu repertório. Após muitos aplausos, Canibal discursou sobre a história e a importância da capoeira no Brasil.
“A discriminação às vezes parte de nós mesmos, ao nos sentirmos inferiores ou nos colocarmos como inferiores ao nosso semelhante”, discursou o vereador Professor Clóvis Pinto. Também marcaram presença no seminário os vereadores Tonho Paraíba, Dr. José Martins Filho e Comendador Lombardi.
O representante do movimento negro de Taboão da Serra Dr. Anderson Borba falou da importância da organização e contou como foi a criação do Conegro em Taboão. As dificuldades que os negros enfrentam no dia-a-dia e o preconceito sofrido na mídia também foram tratados pelo integrante da Comissão Anti Racismo da OAB de Taboão da Serra. “Nas novelas, o negro normalmente é colocado com empregada ou bandido”, explicou Anderson.
Para o presidente do Conegro e organizador do seminário, Paulo Sérgio (PC), o sucesso do evento foi possível graças ao empenho de apoiadores como Fernando Oliveira, Kátia Trindade e Marinalva Lima de Sousa. “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, com certeza haverá guerra”, filosofou PC, que acrescentou: “A discriminação é uma grande bobagem. Não existe diferença entre raças, somos todos da raça humana. Seja qual for a religião, seita ou credo que cada um siga, a pregação de igualdade é a única que deve ser considerada”.
Kátia Trindade destacou a comemoração dos 80 anos da Frente Negra Brasileira e exaltou as conquistas do movimento negro no município. “A luta pela igualdade está acima de qualquer partido e qualquer credo”, concluiu.
De acordo com o prefeito Jorge Costa, o movimento negro de Itapecerica da Serra cada vez mais se destaca na busca pela igualdade racial.

''PALAVRAS EM VÃO''


Apenas dois policiais civis trabalham por plantão em Cachoeira. O jeito é sair em dupla à caça do fundador do Primeiro Comando do Interior

Todas as manhãs, ele toma banho na Prainha, às margens do Rio Paraguaçu, em Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Almoça tucunaré nos bares à beira do rio, transa com prostitutas da Rua do Brega e ainda arrasta meninas para os trilhos do trem para tomar espumante após noites de orgia. 
O CORREIO acompanhou a operação do delegado Laurindo Neto e do investigador Renilson Mota dos Reis na tentativa de capturar o traficante Edimilson Bispo dos Santos Júnior -  ''FOTO''

Essa é a rotina do traficante Edmilson Bispo dos Santos Júnior, 27 anos, fundador da facção Primeiro Comando do Interior (PCI) que propaga que tem o corpo fechado em três terreiros de candomblé. 

Na trincheira oposta, com apenas uma carabina e uma pistola, estão os representantes da Polícia Civil de Cachoeira que tentam capturar o homem que se inspirou na facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Ontem, o CORREIO acompanhou a operação do delegado Laurindo Neto e do investigador Renilson Mota dos Reis na tentativa de capturar o traficante. Sim, a operação contou apenas com dois policiais - efetivo normalmente disponível na Polícia Civil de Cachoeira por cada plantão. 

“Estamos ungidos pelo poder de Deus para nos proteger. Mesmo em número pequeno, Deus está do nosso lado. Quer exército maior?”, diz o delegado, que é evangélico, antes de iniciar a caçada. 

Mesmo com rotina regrada, a extensa rede de contatos de Júnior dificulta a sua captura, independentemente do efetivo policial. Com direito a ter que se esconder de tiros deflagrados num matagal, a reportagem percorreu com a polícia os cinco locais onde Júnior mantém apoio na cidade - Linha do Trem, bairro Morumbi, bairro Manoel Vitório, Viradouro e Rua do Brega. 

“Ele monitora todos os passos da polícia através de informantes que circulam na cidade com celulares e avisam sobre os nossos deslocamentos”, revela o delegado, que assumiu a titularidade da Delegacia de Cachoeira há quatro meses.

Transportando pedras de crack em fundos falsos de gaiolas de passarinho, soldados do tráfico a serviço de Júnior atravessam a cidade pela linha férrea centenária que passa a apenas 100 metros da delegacia. 

“Eles ficam em cima da linha do trem levando a droga para um lado e para outro. Pela linha do trem, os bandidos chegam até o bairro Viradouro, conhecida como a cracolândia de Cachoeira”, explica Laurindo Neto. 

Apreensões: 

No Viradouro, a zona de conflito se configura com mais intensidade. Ontem, a polícia apreendeu no bairro uma faca, um cigarro de maconha, cachimbo para crack e um celular usado por informantes de Júnior.No matagal dividido pela linha do trem, foi preciso atirar. “Fizemos isso por estarmos com um número pequeno de policiais. Temos que buscar sempre estratégias para surpreender os soldados de Junior”, explicou o delegado. No bairro, segundo a polícia, há aproximadamente 20 traficantes trabalhando com a anuência de Júnior. “Só vende droga em Cachoeira quem Júnior permite”, diz Neto. 

Aviões: Para manter o funcionamento do seu esquema de informantes, Júnior conta com o apoio de adolescentes e alguns motociclistas, que agem camuflados de mototaxistas. “Eles fazem o transporte da droga para São Félix e  cidades próximas com motos e usam até  canoas para atravessar o Rio Paraguaçu”, diz o delegado. 

Suspeito de ser informante de Júnior é abordado durante incursão
São os aviões do tráfico os responsáveis pelos assaltos nos centros comerciais de Cachoeira. Ontem, durante a incursão dos dois policiais, um menor teve seu celular apreendido pelo delegado, que suspeita que o jovem seja informante de Júnior. “Em situações suspeitas apreendemos os celulares e mandamos a pessoa pegar na delegacia de posse da nota fiscal. Quem está limpo vai, quem está sujo e envolvido com Júnior nem lá aparece”, contou Neto.

Esconderijos 

As escadas ingrimes e estreitas do bairro Morumbi são desafiadoras para a polícia e úteis para Júnior e seu bando. “Eles sobem isso aqui e somem rápido”, conta o fiel escudeiro do delegado, o ex-comerciário e hoje policial Renilson Mota dos Reis. Do alto do bairro Manoel Vitório, Júnior tem ampla visão de Cachoeira e São Félix. “Nas casas que dão acesso ao bairro, cachorros são usados para proteger os esconderijos das drogas. Já matamos três que nos atacaram em caçadas aos bandidos”, disse Mota. Em algumas das tais caçadas, a Polícia Civil conta com o apoio do único carro da PM da cidade. “Mas nem sempre é possível. Quando não podem, temos que ir na dupla”, diz Mota. Ontem, numa caçada em dupla, Júnior mais uma vez não foi achado.

A VOZ AFRO-BRASILEIRA NO ROCK IN RIO


"O meu terreiro é o palco", diz Milton Nascimento
21 de setembro de 2011  13h56  atualizado às 17:00


Milton Nascimento se apresentará no Rock in Rio. Foto: Anderson Borde/AgNews
Milton Nascimento se apresentará no Rock in Rio
Foto: Anderson Borde/AgNews


Em entrevista à revista QUEM, que chega às bancas nesta quarta-feira (21), o cantor Milton Nascimento falou sobre seus afilhados. "São 118. Se um pai chega com o filho e pede que eu batize, nunca digo não. Tenho afilhados no candomblé, espiritismo, catolicismo e budismo", declarou.
Com 68 anos de idade, o cantor relembrou uma das apresentações que fez na época da ditadura militar e disse ter sentido a presença de Deus. "No meio do show, apareceu, do nada, uma luz amarela muito forte da plateia. Víamos o brilho dos olhos das pessoas. Falei: 'Poxa, como é que posso ser tão burro? O meu terreiro é o palco'. Desde então, o palco é a coisa mais importante da minha vida".
No dia 23, Milton subirá ao palco do Rock in Rio para a fazer a abertura do evento. Durante a entrevista, ele contou que os três minutos de silêncio pela paz mundia o emocionou na edição de 2001 do festivall. "Quase caí do palco. Mexeu tanto comigo que ia cantar Imagine, do John Lennon, mas não estava aguentando, chorava mesmo. Entrei no camarim e James Taylor e Sting começaram a me acalmar", lembrou.
Ele disse também que já sentiu inveja de Paul McCartney por ter tido a ideia de usar ébano e marfim nas teclas do piano, representando a integração racial, na música Ebony and Ivory. "Um dia, estava em casa e começou a tocar no rádio. Fui prestando atenção à letra e, no fim, tive vontade de quebrar o piano ou me quebrar. Fiquei uma fera, queria ter feito aquela música, inveja total", comentou.

AS BOAS NOTÍCIAS


Para o Candomblé, a 8ª Noite de Oração pela Paz, que acontecerá no dia 21, sintetiza a necessidade de união entre as religiões em busca de um bem comum, a paz.
O Candomblé é uma das oito religiões que participam do evento e integram o Grupo de Diálogo Inter-religioso (GDI) de Maringá, fundado em março de 2007.
"Como todas as religiões, nós buscamos a paz. Unindo-se, as religiões mostram que o povo deve se unir também", diz Maria de Lourdes Nascimento, a Mãe Lourdes, representante do Candomblé no GDI.

Arquivo/DNP
Para Mãe Lourdes, evento do dia 21
ajuda a vencer o preconceito
"Somos todos filhos de Deus, da Mãe Natureza e da Mãe Terra, então somos todos irmãos", sintetiza.

Na avaliação dela, o evento além de buscar a paz, é uma oportunidade de as pessoas conhecerem o Candomblé. "É bom saber que estamos sendo aceitos e vistos com mais humanidade e menos preconceito. O Candomblé sofre preconceito e, assim, temos a oportunidade de mostrar que, como todo mundo, lutamos pela vida, pelo amor no mundo, pela paz. Se quisermos ter um mundo sem guerras é preciso que exista a paz entre as religiões", afirma.
Na Noite de Orações pela Paz, o Candomblé versará sobre a paz interior. O tema mostrará que os homens devem, em primeiro lugar, ter paz dentro de si para depois irradiá-la entre todos os povos.
"No GDI, temos a oportunidade de conhecer a outras religiões e debater temas importantes como a paz. Temos também a oportunidade de transmitir ao povo que a união faz parte da mudança mundial para melhor", completa Mãe Lourdes. Para ela, o evento do dia 21 alcança seus objetivos. "A cada ano, temos mais pessoas participando", observa.

11 de set. de 2011

ONDE ESTÁ O RESPEITO DA TRADIÇÃO ???


Baianas lutam para ganhar licença da prefeitura e vender acarajé nas ruas do Rio

11/09/2011 | 11h19min

  O baiano Jay do Acarajé faz sucesso em Copacabana Foto: Marcelo
O baiano Jay do Acarajé faz sucesso em Copacabana Foto: Marcelo
Eles já deliciaram a sensual Dona Flor, de Jorge Amado.      Rechearam versos de Dorival Caymmi.  “Ninguém quer saber o trabalho que dá”, cantou o poeta da alma baiana. Mas podem sumir das ruas do Rio. Nascido na culinária africana, onde os quitutes fritos no óleo quente são chamados de bolas de fogo (akàràs), os acarajés floresceram nas mãos das baianas de Salvador. Eram as oferendas para a deusa dos raios, Iansã, nos terreiros de candomblé. Essas mulheres envoltas em torsos de renda e batas bordadas — patrimônio tombado da cultura brasileira — agora lutam na prefeitura por uma licença para trabalhar nas calçadas do Rio.
De acordo com a coordenadora geral da Associação de Baianas de Acarajé do Rio (Abam-RJ), Analys, a Nêga do Acarajé, a entidade luta para regularizar as 25 profissionais filiadas. Aliás, os 25. Porque o preconceito não cabe no tabuleiro de acarajé.
Ele tem pano da costa, balangandã e bata bordada, como exigiu Caymmi no clássico “O que que a baiana tem?”. Herdeiro de uma família de baianas do acarajé de Salvador, o soteropolitano Jair Batista de Jesus, o Jay do Acarajé, é capaz de atrair uma legião de apaixonados pelo quitute. Ele luta há dois anos para obter licença. Não consegue.
— É uma humilhação trabalhar no Rio — desabafa.
A coordenadora de Salvaguarda do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Tereza Paiva Chaves, explica que todo o ofício de baiana é registrado como patrimônio cultural brasileiro — das roupas ao tabuleiro:
— A existência de homens é vista como evolução do ofício, que enfrenta dificuldade para regularização no país. É preciso se adequar à legislação das cidades. As baianas merecem respeito.
No passado, as regras não eram tão duras. A associação das baianas guarda licença de 1979, concedida a Dona Gilca, dona do tabuleiro que alimentou gerações de roqueiros em frente ao Circo Voador nos anos 80: “A portadora da carteira tem o direito de ambular, andar, vender quitutes da Bahia, balas, doces e salgados em seu tabuleiro de acarajé, de acordo com o decreto lei 1.601 de 1978, artigo 31”. Atualmente, a lei não é mais assim.
De acordo com a Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), o ofício de baiana consta na lei 1.876, de 29 de junho de 1992, chamada de Lei do Ambulante. Segundo nota divulgada pela prefeitura, a Seop não proíbe a venda de acarajés prontos, “previamente embalados e preparados”, e, sim, “o preparo do acarajé em via pública, já que existem questões sanitárias envolvidas nesta situação”. Apenas alguns alimentos são exceção a essa regra, como pipoca, algodão doce, amendoim, milho verde, churros, sanduíches em geral e cachorro-quente, que podem ser preparados nas ruas, segundo a Vigilância Sanitária.
Mas, para quem entende, vender acarajé embalado é pecado pior do que jogar bolinhas de gude nas escadarias durante a lavagem do Bonfim.
— Aracajé não é sanduíche embalado. É cultura, tradição. Faz parte que seja feito na hora, com o cliente vendo, sentindo o cheiro do dendê. Embalado, não venderia um — encerra, horrorizado, Jay.
Theobald / Extra 

Clarissa Monteagudo