Articulista do BOM DIA, Ricardo Barreira escreve sobre o kit homofobia
Agência BOM DIA
A presidente Dilma Rousseff suspendeu nesta quarta-feira (25) a produção do chamado “kit homofobia”. As cartilhas e o material audiovisual que estavam sendo produzidos pelo Ministério da Educação com o intuito de educar as crianças sobre a questão da diversidade e da homofobia não agradaram à presidente.
A presidente Dilma Rousseff suspendeu nesta quarta-feira (25) a produção do chamado “kit homofobia”. As cartilhas e o material audiovisual que estavam sendo produzidos pelo Ministério da Educação com o intuito de educar as crianças sobre a questão da diversidade e da homofobia não agradaram à presidente.
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, afirmou que Dilma assistiu a alguns vídeos do kit e não gostou do tom das produções.
A partir deste fato, o articulista do BOM DIA Ricardo Barreira, presidente da Federação Estadual de Umbanda e Candomblé, escreveu um artigo, que representa apenas sua opinião sobre o assunto. Segue o texto:
"Bons costumes Vamos garantir a prática dos bons costumes.” Perai! Bons costumes de quem? Os meus ou os seus? A presidente Dilma vetou a distribuição dos Kits contra homofobia por pressão dos deputados das bancadas evangélicas e católicas. Bancadas evangélicas e católicas?
Opa, pensei que o Estado fosse laico. Lugar de bancada religiosa é nas igrejas e nos templos, servindo de apoio aos joelhos dos fiéis.
Meu bom costume me faz pensar que já que os políticos são eleitos pelo povo, e o povo é quem paga os seus salários, então o povo é a verdadeira autoridade na sociedade. Vossa Excelência é um tratamento que todos os políticos eleitos deveriam usar para se dirigir a sua majestade, a população. Políticos que se acham, a gente vê por aí.
Então é o seguinte, caro carneirinho, ou você nasce branco, em família rica, é hétero, cristão e penteia o cabelo de lado, ou você está fora dos bons costumes. Nem adianta vir com esse papo de que paga seus impostos, que estamos em uma sociedade democrática, que para no sinal vermelho e atravessa na faixa de pedestre. Lembre-se do que realmente é considerado um bom costume.
Ser negro é um péssimo costume. Não ser cristão é um dos piores. Homossexualidade é um costume abominável. E quer saber a verdade profunda? Se você tem um destes horríveis costumes que eu citei, só existe uma forma de você não ser queimado na fogueira santa: ter dinheiro. Dos males o menor. Agora se nem isso você tem, você tem péssimos costumes e o inferno te aguarda.
O fato é que política é lugar de políticos. Não importa a crença individual de cada um. São pagos pelo dinheiro de toda a população, e não apenas desta igreja ou da outra.
Falemos de Bauru, cidade onde tudo acontece. Naturalmente que alguém que se negou a aprovar algo para uma religião não tentaria aprovar algo à outra.
Alguma coisa do tipo parecido com um dia em comemoração a uma igreja, não é? Claro que não. E é claro que nenhum empregado da população deixaria questões pessoais interferir nas decisões sobre políticas públicas que sustentam a sociedade democrática. Como uma lei que envolvesse a sigla LGBT, por exemplo. Não, não.
Eu duvido que os políticos de Bauru sejam capazes de contrariar a Constituição brasileira e privilegiar apenas uma orientação religiosa com um símbolo desta no parlamento. Imagina só se seriam capazes de ler passagens da Bíblia e abrir a sessão como se fosse uma missa.
Não, não fariam o povo se levantar para prestigiar um ato inconstitucional. E se algum fizesse os outros seriam contra, pois neste caso se você não é contra, é favorável. Agir de forma inconstitucional não é um bom costume, não é mesmo?
Sou contra esse papo que política não é profissão. Meu bom costume diz que empregados da população devem trabalhar para a população na mesma carga horária que a população tem como bom costume trabalhar, quando empregada.
E mais, tem que suar a camisa, estar comprometido e não fazer besteiras, senão o patrão, que é o povo, te manda embora. Ninguém quer políticos que pensam na cidade uma vez por semana. Nem funcionários despreparados.
Tudo bem, meu bom costume não conta nada. Continuemos carneirinhos, seguindo as ordens de nosso pastor."
A partir deste fato, o articulista do BOM DIA Ricardo Barreira, presidente da Federação Estadual de Umbanda e Candomblé, escreveu um artigo, que representa apenas sua opinião sobre o assunto. Segue o texto:
"Bons costumes Vamos garantir a prática dos bons costumes.” Perai! Bons costumes de quem? Os meus ou os seus? A presidente Dilma vetou a distribuição dos Kits contra homofobia por pressão dos deputados das bancadas evangélicas e católicas. Bancadas evangélicas e católicas?
Opa, pensei que o Estado fosse laico. Lugar de bancada religiosa é nas igrejas e nos templos, servindo de apoio aos joelhos dos fiéis.
Meu bom costume me faz pensar que já que os políticos são eleitos pelo povo, e o povo é quem paga os seus salários, então o povo é a verdadeira autoridade na sociedade. Vossa Excelência é um tratamento que todos os políticos eleitos deveriam usar para se dirigir a sua majestade, a população. Políticos que se acham, a gente vê por aí.
Então é o seguinte, caro carneirinho, ou você nasce branco, em família rica, é hétero, cristão e penteia o cabelo de lado, ou você está fora dos bons costumes. Nem adianta vir com esse papo de que paga seus impostos, que estamos em uma sociedade democrática, que para no sinal vermelho e atravessa na faixa de pedestre. Lembre-se do que realmente é considerado um bom costume.
Ser negro é um péssimo costume. Não ser cristão é um dos piores. Homossexualidade é um costume abominável. E quer saber a verdade profunda? Se você tem um destes horríveis costumes que eu citei, só existe uma forma de você não ser queimado na fogueira santa: ter dinheiro. Dos males o menor. Agora se nem isso você tem, você tem péssimos costumes e o inferno te aguarda.
O fato é que política é lugar de políticos. Não importa a crença individual de cada um. São pagos pelo dinheiro de toda a população, e não apenas desta igreja ou da outra.
Falemos de Bauru, cidade onde tudo acontece. Naturalmente que alguém que se negou a aprovar algo para uma religião não tentaria aprovar algo à outra.
Alguma coisa do tipo parecido com um dia em comemoração a uma igreja, não é? Claro que não. E é claro que nenhum empregado da população deixaria questões pessoais interferir nas decisões sobre políticas públicas que sustentam a sociedade democrática. Como uma lei que envolvesse a sigla LGBT, por exemplo. Não, não.
Eu duvido que os políticos de Bauru sejam capazes de contrariar a Constituição brasileira e privilegiar apenas uma orientação religiosa com um símbolo desta no parlamento. Imagina só se seriam capazes de ler passagens da Bíblia e abrir a sessão como se fosse uma missa.
Não, não fariam o povo se levantar para prestigiar um ato inconstitucional. E se algum fizesse os outros seriam contra, pois neste caso se você não é contra, é favorável. Agir de forma inconstitucional não é um bom costume, não é mesmo?
Sou contra esse papo que política não é profissão. Meu bom costume diz que empregados da população devem trabalhar para a população na mesma carga horária que a população tem como bom costume trabalhar, quando empregada.
E mais, tem que suar a camisa, estar comprometido e não fazer besteiras, senão o patrão, que é o povo, te manda embora. Ninguém quer políticos que pensam na cidade uma vez por semana. Nem funcionários despreparados.
Tudo bem, meu bom costume não conta nada. Continuemos carneirinhos, seguindo as ordens de nosso pastor."
(este texto representa apenas a opinião do autor)
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