Rio - Ao longo de 20 anos, Stela Guedes Caputo acompanhou a vida de crianças ligadas ao candomblé. Descobriu que, para escapar do preconceito religioso, algumas chegavam a inventar doenças para justificar a cabeça raspada. O resultado do trabalho está no livro “Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com crianças de candomblé”, que ela lançará, no dia 16, a partir das 18h30, no Museu da República, no Catete.
Foto: Élcio Braga / Agência O Dia
Como começou o livro?
Em 1992, quando era repórter de O DIA, fiz um levantamento sobre os terreiros da Baixada. A presença de crianças chamou minha atenção e me levou a estudar melhor o tema.
O que você descobriu?
Os entrevistados à época, crianças de 2 a 4 anos, hoje adultas, possuem filhos que passam pelo mesmo preconceito. Eles associam a discriminação da religião com a racial. Mesmo os brancos sofrem por professar uma religião de negros. A implantação da educação religiosa nas escolas só piorou a situação.
Como elas enfrentavam o preconceito?
Muitas preferiam se dizer católicas, só achei uma criança que revelava sua fé. No período de recolhimento para o santo, quando precisam raspar a cabeça, algumas chegam a dizer que estão com leucemia ou pegaram piolho. Hoje, graças a ações dos terreiros e de movimentos negros, várias passaram a assumir o credo, mas, infelizmente, a escola não tem ajudado no processo.
(A entrevista completa está em www.tvodia.com.br).
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