Governo Federal e Rede de Religiões produzem documentário sobre Saúde nos terreiros
14 de outubro de 2011 às 17:48
A religiosidade dos cultos afro-brasileiros e sua relação com ações preventivas à Aids é tema do documentário “Tem Terreiro, Tem Saúde, que está sendo produzido, em quatro cidades do país, pelo Ministério da Saúde”, por meio de seu Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, em parceria com a Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde. São Luís é a primeira capital visitada por ter sido pioneira no desenvolvimento de ações de saúde voltadas para as comunidades de terreiros.
Grupo de representantes do Ministério da Saúde, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Semus visitaram terreiros da capital
Nesta sexta-feira (14), um grupo, formado por representantes do Ministério da Saúde, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Secretaria Municipal de Saúde (Semus), visitou terreiros da capital para apresentar o projeto. “Estamos orgulhosos pelo reconhecimento desse trabalho tão importante de prevenção entre a populações afro-brasileira. A saúde é um bem de todos e a nossa equipe de DST/Aids está de parabéns”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Gutemberg Araújo.
A equipe esteve nos seguintes terreiros: Casa Fanti Ashanti (Cruzeiro do Anil), Terreiro Fé em Deus (Sacavém), Terreiro São Sebastião (Vila Palmeira), Casa de Iemanjá (Liberdade), Ilê Axé Oba Izou (Liberdade), Ilê Axé Omo D’Ossain (Residencial Paraíso), Kué Besetó Vodun Badé (Anjo da Guarda), Terreiro Mamãe Oxum e Pai Oxalá (Vila Nova) e Terreiro Camafeu de Oxossi (Praia do Araçagi).
Durante as visitas, primeira etapa da produção do vídeo, a equipe conheceu um pouco da religiosidade e organização dos terreiros.
No final de outubro, o grupo volta à capital para novo registro cinematográfico. O vídeo deve ser concluído ainda neste ano e lançado em janeiro de 2012. “É gratificante voltar à minha cidade para falar de nossa religião, algo tão peculiar e único para mostrar isso ao mundo”, explicou o cineasta maranhense Neto Borges, que integra o projeto.
Ações de prevenção
O trabalho de prevenção à Aids junto à população afro-brasileira vem sendo realizado desde 2003 pelo Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, órgão do Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e as secretarias municipais.
Em São Luís, a Semus, por meio da coordenação do Programa Municipal de DST/Aids/HIV, desenvolve o programa. “O impacto positivo na redução da epidemia é perceptível com o nosso trabalho de valorização da identidade afro-religiosa por meio de ações de prevenção a várias doenças, inclusive a Aids”, diz a coordenadora do Programa Municipal de SST/Aids e Hepatites Virais, Anne Gabriela Veiga.
Paralelamente ao trabalho de prevenção, a Semus realiza oficinas de educação em saúde. Oito terreiros da capital participam do programa. “É uma troca de experiência. Os terreiros são locais de agrupamento de pessoas e já promovem tais ações”, ressaltou a diretora do CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento Lira, Ana Luísa Borges. A diretora do CTA acrescenta que “o apoio da Semus veio somar ao projeto e levar ao conhecimento as experiências destas comunidades”.
Documentário
O vídeo Tem Terreiro, Tem Saúde pretende divulgar as ações de DST/Aids realizadas nos terreiros, levá-las ao conhecimento público e contribuir na formação de agentes multiplicadores das ações de prevenção. O documentário terá 22 minutos e será gravado, ainda, um trailer de dois minutos a ser utilizado para divulgar o trabalho nas redes sociais. Em São Luís será registrado o terecô. As outras religiões de matriz afro-brasileiras catalogadas serão o batuque, em Porto Alegre; e a umbanda e o candomblé, no Rio de Janeiro.
“O corpo é utilizado como altar dos deuses. Este corpo precisa ser bem cuidado. Os terreiros já promovem esse cuidado. Queremos mostrar no documentário a junção dessas iniciativas”, ressaltou o coordenador da Rede Nacional, José Marmo da Silva.
Para a representante do Ministério da Saúde, Noêmia de Souza Lima, a importância do projeto se dá por reconhecer as ações dos terreiros e trabalhar a intolerância religiosa. “Vamos usar esse canal de comunicação para fazer conhecer o modo de organização dos terreiros.”
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